Crítica – Matrix Resurrections (Pablo Simas)

Depois de uma tentativa não tão bem sucedida em expandir a mitologia da saga através um jogo online, Matrix Resurrections chega agora aos cinemas, sob a  direção da visionária Lana Wachowski. 

Na verdadeira continuação de Matrix Revolution, Lana cria uma experiência cheia de nostalgia e também de novas ideias que exploram o efeito que o sacrifício de Neo teve na vida de todos os sobreviventes de Zion (a última cidade humana).

Em Resurrection, voltamos a Matrix, o mundo virtual criado pelas máquinas para manter os humanos presos a uma ilusão, enquanto servem de baterias. Uma nova versão da Matrix, para ser mais específico.

Thomas A. Anderson (Keanu Reeves) está de volta, a esta nova versão, agora como designer de videojogos e criador da famosa Trilogia Matrix. Thomas leva cada dia da sua vida preso a uma rotina sem se recordar do mundo real e carrega consigo um sentimento de que algo à sua volta está errado e que o jogo que criou é mais do que aparenta ser.

Apenas quando resgatado pela Capitã Bugs (Jessica Henwick) é que se recorda das suas experiências no passado como Neo, dos seus sacrifícios em prol da sobrevivência da humanidade e de Trinity, aquela que acreditou nele mesmo quando tudo parecia estar perdido. 

Agora, de volta ao mundo real, e ainda sem saber o porquê de continuar vivo, Neo parte, juntamente com Bugs, numa missão de resgate a Trinity(Carrie-Anne Moss), que resulta no desvendar do mistério por detrás da sua nova vida. 

Trinity

Personagens

Em Resurrections, reencontramos Keanu Reeves como Thomas A. Anderson aka Neo, a  icónica personagem principal da saga. Desta vez, Keanu interpreta um Neo mais vulnerável, mais velho e que perdeu parte do seu poder. Mas mesmo assim é familiar.

A grande surpresa é Morpheus, que aparece numa versão jovem e interpretada por outro ator ( Yahya Abdul-Mateen II). Muito estranhamente, a coisa funciona para esta personagem. Os maneirismos e expressões faciais do seu antecessor, estão presentes nesta nova versão.

Carrie-Anne Moss mantém a sua personagem Trinity, mas surge-nos primeiro como Tiffany, uma mulher casada, com filhos, que nada tem a ver com a realidade que Neo conhece.

Das novas personagens que se apresentam neste filme, a que mais se destaca é a Capitã Bugs, interpretada por Jessica Henwick. Uma rapariga rebelde, carismática e que faz de tudo para proteger a sua equipa. Acaba até por ofuscar os outros novatos neste franchise.

Aspetos positivos 

O filme está consciente do estado atual de Hollywood, em que os executivos optam por fazer reboots ao invés de criarem novas propriedades. Até fazem piadas à custa disso, incluindo da própria WarnerBros.

Em termos de narrativa, o fato de não ser necessário ter assistido aos filmes anteriores é um aspeto bastante positivo e isso é estabelecido logo ao início. 

Todos os acontecimentos passados relevantes para esta história estão presentes em forma de flashback ou diálogos entre personagens, o que traz alguma familiaridade e nostalgia à história.

Além da nova Matrix, somos também apresentados a uma nova realidade onde humanos coabitam com robôs. As ações de Neo fizeram com que algumas máquinas quisessem cooperar com os humanos. É agradável ver que a humanidade progrediu desde a última vez em que Neo e Trinity foram vistos.

Neo e Trinity

Aspetos negativos

Infelizmente, este filme passa demasiado tempo a repetir e a rever eventos passados. Explora pouco dos novos elementos introduzidos, como as diferentes facções que surgiram entre os programas e os conflitos existentes entre elas.

Conclusão

Matrix Resurrections faz um trabalho competente no que diz respeito a criar novos conceitos que podem ser explorados em eventuais sequelas. Porém,  recorre demasiado à nostalgia para prender a atenção do público familiarizado com o franchise. 

Quando o filme termina, deixa a sensação de que é apenas parte de uma história maior que pode nunca vir a ser concluída.

“Matrix Resurrections” estreia nas salas de cinema portuguesas dia 22 de dezembro.

Nota: 7.5/10