Cuidado com os velhinhos de “X”. Não mordem mas são perigosos

Depois deste filme, não sei se vou conseguir voltar a olhar para os velhinhos da mesma maneira. Ti West conseguiu transformar a imagem de um idoso indefeso em algo incrivelmente aterrador e assombroso.

Em X, seguimos um grupo de jovens em plenos anos 70, em busca do sonho americano. Querem tornar-se ricos e famosos. Para tal, decidem filmar um filme para adultos, que acreditam, vai mudar a percepção destes diante do público. Decidem ir gravar para uma quinta longe de tudo e de todos, onde os anfitriões são dois idosos aparentemente inofensivos, Howard (Stephen Ure) e Pearl (Mia Goth).

A equipa é formada por RJ (Owen Campbell), o cameraman e realizador do filme, Wayne (Martin Henderson), o produtor executivo, Lorraine (Jenna Ortega), namorada de RJ e “rapariga do som” que inicialmente desconhecia o tipo de filme que iriam filmar, Bobby-Lynne (Brittany Snow), uma velha amiga de Wayne e uma das “estrelas” do filme, Jackson (Kid Cudi), o protagonista masculino e parceiro ocasional de Bobby-Lynne e, por último, a bela Maxine (Mia Goth), também co-protagonista, viciada em cocaína, com grandes sonhos de estrelato e namorada de Wayne.

Quando chegam ao local escolhido para as filmagens, a beleza de Maxine capta a atenção de Pearl. 

As filmagens começam e tudo parece correr bem. Cada etapa é concluída com sucesso e o sonho americano está cada vez mais próximo de se realizar.

Mas as coisas complicam-se quando o interesse da idosa Pearl por Maxine leva muito rapidamente à obsessão. O casal supostamente inofensivo revela-se perigoso e depravado. Pearl, outrora uma jovem e bela mulher, era o centro de todas as atenções. Agora, na sua velhice, sente-se abandonada e manifesta isso de forma violenta contra as pobres almas que vão parar à quinta, e o seu maior aliado nesta vingança é Howard, o seu marido.

O realizador Ti West, faz um trabalho de mestre em criar tensão durante o filme todo. Desde a utilização da música à sequência de eventos. À medida que o filme progride, acompanhamos os jovens cineastas e, em paralelo, descobrimos os problemas psicológicos de Pearl. E, quando parece que o sonho está ao alcance dos jovens, dá-se início ao banho de sangue. 

A dupla de assassinos, Howard e Pearl provam que, quando o assunto é matar jovens sonhadores e idiotas, a idade não importa, pois ninguém suspeita que este casal seja capaz de tamanha barbaridade. 

Como todo slasher de qualidade, X está cheio de sangue, tripas e mortes inesperadas e criativas. Evita alguns clichés típicos deste género de filmes (como o de deixar cair as chaves do carro durante uma perseguição), mas utiliza outros e de forma inteligente, como a desmobilização do grupo e a morte dos personagens um a um.

Outro dos aspectos que também chama a atenção é o fato de parecer que o filme foi filmado nos anos 70, o ano em que a história se desenrola, além de alguns momentos de humor, resultado de circunstâncias alheias às personagens.

A atriz Mia Goth interpreta duas personagens, completamente distintas. Ela, como Pearl, é completamente irreconhecível, não só a nível do rosto, como também da linguagem corporal. 

Para os fãs de slashers, este filme é mais uma escolha que não vão querer perder. Tem um misto de ideias criativas, refrescantes e familiares. Para quem costuma evitar este género, há uma probabilidade de esta ser a oportunidade que estava à espera para começar a gostar deste tipo de filmes.

Vão poder assistir X a partir do dia 17 de março no cinemas.