Elvis, o eterno rei – por Lisa Mira
Baz Luhrmann (Romeu e Julieta, O Grande Gatsby, Austrália, Strictly Ballroom, Moulin Rouge) já nos habituou a filmes épicos e icónicos, pela sua realização ou argumento.
Desta vez, apresenta-nos mais do que uma biografia. Elvis retrata a vida do cantor, as suas influências, os seus medos e ansiedades e a sua dedicação aos fãs. Uma perspetiva contada na pessoa do seu agente, Coronel Tom Parker (Tom Hanks), que idealizou e realizou o seu estrelato ao longo de quase toda a sua carreira.
É exatamente este acordo entre os dois que Luhrmann quer evidenciar através de Parker, apresentando os acontecimentos como se de um espetáculo se tratasse e colocando o Coronel como o narrador e criador do “Rei”.

Não é fácil fazer um filme sobre a vida de Elvis e ser original. Mas penso que Luhrmann o conseguiu. Transformou o drama da vida de um dos pais do Rock n’ Roll numa obra de arte, música, brilho e glamour.
Acima de tudo, transformou o filme num autêntico show. Mostra-nos Elvis como pessoa, com as suas incertezas, desafiante perante as leis da segregação, como cantor e performer, com as suas influências negras do gospel e blues e como família, dedicado à sua mãe, esposa e filha.
Todas estas características construíram o personagem Elvis que confiava plenamente no seu agente Coronel Tom Parker para gerir a sua carreira.

Porém, todo este empenho não satisfazia um dos seus profundos desejos, o de atuar numa tournée pelo mundo. E foi este o ponto que desestabilizou a relação do duo, pois Presley percebeu que Parker negociava condições que mais lhe convinha.
Entre uma vida de desânimo, de loucura rodeado de jovens fanáticas e de vícios e adições, acompanhamos o declínio físico até ao culminar na sua morte, com apenas 42 anos a 16 de Agosto de ‘77.
O resto é história. Apesar de Parker ter os créditos de lançamento da carreira de Elvis, também é criticado pela sua gestão. No entanto, só nos anos ‘80 foi instaurado um processo contra Tom Parker, deixando-o sem dinheiro e a braços com dívidas de jogo.
O ELENCO
Tenho de salientar o incrível trabalho de Austin Butler. Não se trata somente de uma cara bonita ainda não muito conhecida no mundo de Hollywood, mas sim de um processo exaustivo de 2 anos por parte do ator em pesquisa e treino para incorporar o Rei.

O resultado é uma performance excelente e completa (algumas das músicas são cantadas por Butler). O trabalho físico é incrível, desde o balançar das ancas, ao tremor do joelho, aos gestos das mãos e ao seu desprendimento e desempenho animalesco no palco.
O guarda-roupa, irrepreensível!
Num olhar e com apenas alguns acordes vocais, recordamos Elvis na sua plenitude.
Tom Hanks, apresenta-nos o suporte de Elvis, com uma representação e caracterização magníficas. Mas quem brilha mesmo é Butler.
Para terminar, que bom relembrar os êxitos de Elvis. Muitos deles já existiam, mas ficaram eternizados pela sua voz e interpretação tão peculiares.
Brilho, Música, Adrenalina
É o que podemos ver neste filme que também nos conta um pouco da vida deste cantor que deixou para sempre a sua marca no mundo da música, das artes e do espectáculo.
A não perder em grande écrã e também em IMAX.