“Gritos” – Mais sedento de sangue do que nunca
Crítica de Manuel Monteiro
Passados 25 anos dos assassinatos que chocaram Woodsboro, um novo assassino em série volta a lançar o pânico entre um grupo de adolescentes. É o regresso de Ghostface! E desta vez, atrevo-me a dizer, mais sedento de sangue do que nunca.
Claro que estes adolescentes (talentos emergentes como Dylan Minnette, Jack Quaid, Jenna Ortega, Mason Gooding, Melissa Barerra e Mikey Madison) não têm qualquer tipo de experiência naquilo que é combater assassinos em série. Será que vão conseguir desvendar o assassino a tempo de evitar a sua própria morte? Para tal, terão que pedir auxílio aos personagens que já sobreviveram à fúria deste assassino: Dewey, Gale e Sidney (David Arquete, Courteney Cox e Neve Campbell).

Esta é uma bela maneira de colocar em cena várias gerações de atores, dando consistência à narrativa e construindo uma relação lógica entre os filmes. Esta estrutura assegura que os fãs de longa data e os novos fãs possam apreciar o filme no seu todo. A quarta sequela dos realizadores Tyler Gillett e Matt Bettinelli-Olpin traz um “novo fôlego” ao universo criado por Wes Craven (realizador) e Kevin Williamson em 1996. Um novo fôlego em que também prestam homenagem a Wes e ao próprio género em si, já que o filme está repleto de referências ao cinema de terror.
O filme tem uma componente “meta-narrativa” muito forte e os personagens sabem os clichés e truques do cinema de terror slasher.
A narrativa “agarra“ nas espectativas do espetador e acaba por as subverter de maneira divertida, acabando por não as concretizar. Tudo isto é feito com uma mestria impressionante: a composição das cenas, o domínio da imagem, o ritmo com que se conduz a narrativa, sobrepujados por uma banda sonora absorvente (da autoria de Brian Tyler) asseguram que o espetador esteja constantemente entre momentos de tenção. Momentos estes que acabam geralmente em morte, ou não fosse este um filme de terror. No entanto até mesmo estas cenas estão mais inventivas, mais violentas e mais sangrentas (sim, ainda mais) do que tínhamos visto anteriormente.

E, claro, não seria um filme Gritos se não fosse também pontuado por momentos mais leves e até por situações cómicas. Momentos que nos permitem “recuperar o fôlego” e soltar umas gargalhadas. Mas sem esquecer que temos um assassino à solta!
Podemos então dizer que este filme tem todos os ingredientes da “receita original”: um elenco talentoso, um vilão icónico e “toneladas” de sangue.
Agora a questão é: qual é o teu filme de terror favorito?