Michelle Yeoh é a ultima esperança do multiverso
A palavra “multiverso” tornou-se na nova buzzword do cinema devido ao sucesso estrondoso dos filmes e séries de super heróis.
Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo, dos realizadores Dan Kwan e Daniel Scheinert, aborda este conceito de uma forma completamente diferente do que se tem feito até hoje. Ao invés de acompanharmos as diferentes realidades, uma a uma, de forma independente, acompanhamos os eventos ao mesmo tempo, criando uma aventura caótica e muito divertida de acompanhar.
No meio desta confusão toda encontra-se Evelyn Wang (Michelle Yeoh – O Tigre e o Dragão) uma imigrante chinesa, mãe de família, dona de um negócio próprio que gere com o marido, Waymond Wang(Ke Huy Quan – Indiana Jones e o Templo Perdido, Os Goonies ). É a cuidadora do seu idoso pai, Gong Gong(James Hong – As Aventuras de Jack Burton nas Garras do Mandarim) e tem uma filha jovem adulta, Joy Wang (Stephanie Hsu) com a qual mantém uma relação difícil. Leva uma vida muito ocupada pelas responsabilidades que assumiu. Mal tem tempo para desfrutar dos pequenos prazeres da vida. Quando pensava que as coisas não podiam piorar, é abordada por uma versão alternativa do seu marido – Waymond Alpha, que lhe confidencia que a segurança do multiverso está em risco, devido a um ser malévolo conhecido apenas como Jobu Tupaki. Só ela pode parar tal mal e restaurar o equilíbrio.
Agora, Evelyn terá de se conectar às suas versões alternativas para ganhar a experiência e poder necessários para enfrentar Jobu Tupaki e salvar o multiverso.

O elenco do filme está repleto de talentos. Michelle Yeoh está incrível no papel da matriarca da família Wang. Uma mulher séria, completamente focada nas suas obrigações e que desistiu dos seus sonhos. Foi deserdada pelo próprio pai, Gong Gong, por ter escolhido casar com Waymond. Mais tarde, teve de o acolher devido à idade avançada. A forma como Ke Huy Quan alterna entre Waymond e Waymond Alfa é genial. Desde a mudança da voz, forma de falar, até à linguagem corporal, o que permite distinguir um do outro mesmo sem que haja diálogo. E o lendário James Hong, como Gong Gong, o pai de Evelyn alterna entre a sua versão inofensiva e distante devido a idade avançada e o Gong Gong Alpha, um velho disposto a sacrificar tudo e todos para acabar com a ameaça que assombra o multiverso.

A ação é explosiva, dinâmica, com momentos cómicos incorporados na coreografia. Lembram imenso os filmes do Jackie Chan, algo muito característico dos irmãos Andy Le (Shang-chi e a Lenda dos Dez Anéis) e Brian Le, que também se fazem presentes no filme e têm uma das coreografias de combate mais bizarras e hilariantes da atualidade, envolvendo o uso de “buttplugs”.
No meio de toda ação e confusão para salvar o multiverso, há um drama familiar, onde a família Wang está a deteriorar-se devido à falta de diálogo, provocado pela diferença de pontos de vista entres gerações e o peso de alguns traumas passados de pais para filhos.
Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo combina ação, drama e comédia de forma equilibrada e cria uma experiência única e satisfatória. As cenas de ação são intensas e capazes de fazer saltar da cadeira devido a adrenalina e as dramáticas têm uma carga emocional capaz de fazer verter lágrimas. No meio de tantas emoções fortes, há uma mensagem moral positiva, cheia de esperança, transversal a todos, independentemente da origem de quem for assistir ao filme.
Chega aos cinemas portugueses dia 7 de abril.