“Pam & Tommy” na Star/Disney+

“Cá se fazem cá se pagam”, é um resumo adequado do primeiro episódio de Pam & Tommy.


A primeira série para maiores de 18 anos da Disney+ acompanha o roubo e venda da sex tape do casal Pamela Anderson e Tommy Lee. Um escândalo que se espalhou pelo incontrolável mundo durante o sucesso da atriz nos anos 90 na série Baywatch, e aquando da estreia de Barbwire.

Craig Gillespie assume a realização, e traz consigo um pouco do ridículo e do burlesco que caracterizou a sua longa-metragem, Eu, Tonya, principalmente nas cenas encabeçadas, quer por Sebastian Stan, quer por Seth Rogen.

Stan é descontrolado, arrogante e explosivo como Tommy Lee. Muito próximo do original, e irreconhecível para quem o acompanhou apenas na pele do “Soldado de Inverno”. De notar o uso e abuso de fio dental nas suas cenas. Seth Rogen está em casa, num papel à sua medida: um homem apagado que chega ao limite pelos abusos verbais e físicos que Tommy Lee sujeita enquanto trabalha na sua casa. A sua vingança é o assalto que lhe trará a cassete. Todo o ridículo da vida de Rand é mostrado ao extremo sendo a sua ligação à indústria pornográfica de Los Angeles, a cereja no topo do bolo. Ah… não esquecer o facto de ser o (potencial) inventor do micro-ondas para o frio. Não perguntem, vejam no terceiro episódio. Tommy e Rand apresentados como dois enormes idiotas cujas ações acabam por prejudicar muito mais do que poderiam imaginar.

Lili James e Sebastian Stan (esquerda) Pamela Anderson e Tommy Lee (direita)

Apesar de até agora só referir Stan e Rogen, não se enganem. A série chama-se Pam & Tommy por um bom motivo e considerando o poder do trabalho de Lily James, poder-se-ia chamar apenas de Pam e ainda estar correto.

Os três primeiros episódios debruçam-se sobre os eventos que levam à venda do vídeo privado.
Somos transportados de acontecimento em acontecimento e, ao mesmo tempo, testemunhamos a quase-normalidade da vida doméstica de Pamela e Tommy. Assim, discretamente, passa a ser Pamela Anderson, ou aliás Lily James, quem suavemente domina o ecrã.

Lily James, que conhecemos de Downtown Abbey, Yesterday e Mamma Mia 2, transforma-se muito para além do que é conseguido em torno de Stan. Fui apanhado de surpresa logo nos primeiros minutos, onde não tive certeza se era Lily James a atuar ou se se tratavam de imagens de arquivo de Pamela Anderson a ser entrevistada por Jay Leno. Consegue transmitir a tristeza de alguém que se afirma como tendo de agradar a todos à sua volta, a frustação de ser apenas vista como um corpo,
ou a felicidade de poder ter mais diálogos em Baywatch.


A rapariga que queria ser como Jane Fonda, não só um sex-symbol, mas também uma atriz com papéis “a sério”, é apanhada num turbilhão que lhe retira todo o controlo da sua imagem pública. Como se vê pelo olhar de pânico quando Jay Leno coloca a questão “Como é ter esse tipo de exposição?”


Os primeiros três episódios de Pam & Tommy estão disponíveis na Disney+, com emissão de um novo episódio às quartas-feiras.